Publicações científicas

CIRURGIA ROBÓTICA DA PRÓSTATA VIA PERINEAL

Journal of Endourology

Third Prize: Perineal Robot-Assisted Laparoscopic Radical Prostatectomy: Feasibility Study in the Cadaver Model.

Trabalho de conclusão do meu Fellowship em Cirurgia Robótica, premiado em concurso da Endourological Society, com destaque na capa de seu periódico oficial "Journal of Endourology". Este trabalho, que idealizei em 2011-12, foi uma adaptação para a cirurgia robótica da técnica de cirurgia perineal aberta para o câncer de próstata, feita pela primeira vez em 1904, pelo Dr. Hugh Young, posteriormente modificada pelo Dr. Elmer Belt. A ideia foi prontamente apoiada pelo Dr. Kaouk, meu orientador na Cleveland Clinic, que logo percebeu seu potencial de aplicação prática. A técnica foi apresentada pela primeira vez no Congresso Mundial de Endourologia em setembro de 2012, em Istambul, Turquia (pág. 64, VS02-02) pelo meu estimado amigo Dr. Riccardo Autorino. Entre 2013-14, a técnica foi aperfeiçoada em modelos de cirurgia experimental, com o auxílio de colegas de vários países, com destaque para a contribuição do Dr. Oktay Akça (Turquia), que já tinha vasta experiência na cirurgia perineal aberta e foi fundamental para o aprimoramento da técnica. Escrevi então o protocolo de pesquisa clínica, que foi aprovado pelo comitê de ética da Cleveland Clinic e a técnica passou a ser usada em pacientes em 2014. Após passar nos testes clínicos iniciais, a técnica foi difundida também em outros países, como Reino Unido e Turquia, onde um estudo demonstrou vantagens em comparação com a técnica robótica via abdominal (mais usada), incluindo menor tempo de cirurgia e internação, menor perda sanguínea e recuperação da continência urinária e potência mais rapidamente. É importante a ressalva de que essas vantagens ainda precisam ser confirmadas por estudos maiores com outro tipo de metodologia, no entanto os achados iniciais são encorajadores. Hoje, esta é mais uma arma disponível no arsenal de combate ao câncer de próstata.

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Detecção pelo sistema robótico de fluorescência em tumores de próstata após injeção intravenosa de um marcador ligante ao PSMA.

Urology

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0090429512004426

Este foi outro trabalho que recebeu destaque na capa e comentário editorial do "Urology", periódico oficial da "Société Internationale d’Urologie". Consistiu num estudo experimental em camundongos sobre o uso de um sistema de imagem robótico para detecção de fluorescência próxima ao infravermelho de tumores de próstata após injeção intravenosa de um marcador direcionado ao PSMA (antígeno prostático específico de membrana). Na época, este sistema de imagem ainda estava em fase de testes, sendo posteriormente incorporado ao robô cirúrgico, hoje conhecido por "sistema Firefly". O sistema de imagem fluorescente é usado com diferentes propósitos na cirurgia robótica. Na urologia, sua aplicação mais usada é durante a cirurgia para retirada de tumores de rim, onde o fluxo sanguíneo renal é temporariamente interrompido, total ou parcialmente, para remoção do tumor com menor perda de sangue. Outra aplicação prática é na identificação de linfonodos, marcação tumoral e avaliação da adequada vascularização de segmentos de intestino usados na reconstrução do trato urinário após a cirurgia para retirada da bexiga por câncer invasivo. Tive o privilégio de escrever o comentário editorial do trabalho que descreveu esta aplicação pela primeira vez. O Dr. Robert J. Stein foi o meu orientador nesse projeto.

NEFRECTOMIA ROBÓTICA POR VIA TRANSVAGINAL

Urology

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0090429513001490

Técnica cirúrgica experimental para a retirada do rim através de acesso via vaginal. O professor Kaouk, um dos maiores entusiastas da cirurgia sem (ou com mínimas) cicatrizes, já havia demonstrado a técnica de retirada do rim via vaginal com instrumentos laparoscópicos. Na robótica, ele já havia feito a retirada do rim usando uma técnica híbrida, com um instrumento robótico via vaginal e os demais via incisão umbilical. Porém, quando tentávamos no laboratório de cirurgia experimental o acesso único via vaginal com o robô, esbarrávamos em duas limitações principais: colisão dos braços robóticos com as pernas em posição ginecológica e dificuldade em afastar o intestino pra poder alcançar a área do rim. Buscando alternativas pra contornar essas barreiras, fui revisar os atlas de anatomia. Após alguns esboços (muito melhorados pelo genial ilustrador médico Joseph Pangrace), apresentei ao Dr. Kaouk minhas ideias: para solucionar o problema da colisão do robô com as pernas, usaríamos uma posição prona (com a barriga e pernas pra baixo) e pra resolver a dificuldade em afastar o intestino, acessaríamos o rim pelo retroperitônio (espaço onde se localiza o rim, separado dos intestinos por uma fina membrana). Ele aprovou e conseguimos superar aquelas barreiras iniciais, completando a retirada do rim. Entretanto, através de uma única incisão pequena, os instrumentos robóticos conseguem atingir apenas uma determinada distância sem que os braços daquela versão do robô (da Vinci Si) comecem a colidir um com o outro. Usando a via de acesso tradicional por incisões no abdômen, não há esse problema, mas pela via vaginal aumenta muito a distância que os instrumentos precisam percorrer até chegar no rim e a colisão dos braços robóticos dificulta muito o procedimento. Por isso, achamos que não seria seguro tentar implementar essa técnica clinicamente naquela época. Para que isso se torne viável, os instrumentos robóticos precisam ser mais longos, o que possibilitaria um alcance de todas as áreas do rim através da via de acesso vaginal em segurança. A engenharia robótica fez avanços consideráveis desde então e o atual modelo robótico Single Port (não disponível naquela época) ou uma versão futura dele talvez seja a solução que possibilite levar um dia essa técnica à prática clínica de forma segura. Pela originalidade, o trabalho recebeu destaque na capa e comentário editorial no periódico "Urology". Embora este projeto ainda não tenha chegado à aplicação clínica, foi a partir dele que tive a ideia de pesquisar a via perineal pra cirurgia robótica, em uso clínico atualmente.

Revisão sistemática sobre o uso de inibidores da PDE-5 no tratamento de sintomas urinários causados pelo aumento da próstata

BJU International (Jornal Britânico de Urologia)

https://doi.org/10.1111/j.1464-410X.2010.09698.x

Phosphodiesterase 5 inhibitors for lower urinary tract symptoms secondary to benign prostatic hyperplasia: a systematic review

Humberto K. Laydner, Paulo Oliveira, Carlos Roberto A. Oliveira, Tafadzwa P. Makarawo, Weslley S. Andrade, Matheus Tannus, José Luciano R. Araújo

First published: 30 September 2010

Trabalho de conclusão da minha Residência de Urologia no HGRS. Embora o assunto desse projeto não esteja relacionado com a cirurgia robótica (minha área preferida), tenho uma lembrança especial dele. Além de ter sido o primeiro artigo que enviei para publicação em um jornal internacional de Urologia, me traz a recordação de queridos amigos, talentosos colegas da época de residência no "Bob's", como carinhosamente chamávamos nosso hospital. Foi também a primeira revisão sistemática sobre o assunto na literatura médica e ainda hoje é um dos meus artigos mais citados por outros autores.